“Derrubou do Trono os Poderosos e Exaltou os Humildes” – Maria, Mãe missionária

Olhar para Maria, é olhar para o mistério divino. Um SIM que a tornou Mãe do Salvador e, ao mesmo tempo, envolta num sim dolorido ao pé da cruz. Maria, a Missionária, onde tudo se realiza e o amor de Deus se gesta. Em Atos dos Apóstolos, encontramos uma Maria que persevera, em comunhão com os Apóstolos e Discípulos do Senhor, na espera do Espírito Prometido. Ali, Maria imprime o selo Mariano que identifica que ela cooperou com o nascimento da Igreja Missionária. Maria ensina o Caminho que os Batizados devem trilhar e viver sua Missionariedade. Maria nos revela o que é ter FÉ e que ser feliz é conservar no coração tudo que viu e ouviu. Em silêncio peregrinou e com fé seguiu seu Filho, deixando-se cativar pelo mistério que o amor de Deus a envolvia. Maria não foi indiferente a presença do amor divino em sua vida.

A Serva do Senhor consagrou-se e tornou-se o modelo perfeito para os missionários, pois foi aonde Cristo queria que o amor de Deus alcançasse. Primeira Missionária, pois carregou Cristo no ventre e O tronou conhecido no mundo. Maria acolheu com fé o chamado que se tornou profecia e anúncio, no mais lindo Canto de Amor. A Mulher de Pentecostes que estava presente no início da missão; onde nascia a Igreja Missionária. Maria das Missões, pois viveu a peregrinação da fé, na condição de mãe do Filho de Deus. Ao pé da cruz tornou-se Mãe dos Discípulos e de Todos Nós.

O Papa Bento XVI assim pediu: “Permaneçam na escola de Maria, inspirem-se em seus ensinamentos. A Virgem Pura e sem mancha, é para nós escola de fé, destinada a nos conduzir no caminho que conduz ao encontro com o Criador do céu e da terra

Na liberdade do Chamado, Deus escolhe os Pobres

Deus nos chama pelo nome e revela-se. O grande mistério derrama-se no coração de quem ouve o chamado e o diálogo mais profundo se instaura numa relação profunda, onde fé e mistério se entrelaçam, unindo a natureza humana ao OUTRO que lhe doa o ser e que o chama para SI.

O ser humano sente a necessidade de viver essa relação com DEUS, mas só entenderá a razão de sua existência, quando encontrar a essência do amor que se manifesta numa relação plena e profunda da doação.

É na vocação que esse diálogo divino e humano passa a ser o fundamento da nossa liberdade. Liberdade de responder e sentir a plenitude de escolher ÀQUELE que nos escolheu desde a eternidade, pois desde sempre o homem é um ser VOCACIONADO.

Somos peregrinos. Somos inquietos. Deus nos espera. O Papa Bento XVI nos lembra: “Mas não somos somente nós, seres humanos, que vivemos inquietos relativamente a Deus. Também o coração de Deus vive inquieto relativamente ao homem. Deus espera-nos. Anda à nossa procura. Também Ele não descansa enquanto não nos tiver encontrado. O coração de Deus vive inquieto, e foi por isso que se pôs a caminho até junto de nós – até Belém, até ao Calvário, de Jerusalém até a Galileia e aos confins do mundo. Deus vive inquieto conosco, anda a procura de pessoas que se deixem contagiar por esta sua inquietação, pela sua paixão por nós; pessoas que vivem a busca que habita no seu coração e, ao mesmo tempo, se deixam tocar no coração pela busca de Deus a nosso respeito”.
Deus desperta em cada um o CHAMADO VOCACIONAL e espera a resposta na liberdade: “Onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2 Cor 3,17).

O Cântico de Maria é a grande revelação de que só em Deus encontraremos a certeza da alegria de servir e o verdadeiro sentido de VOCAÇÃO.

Vocação é um serviço de resposta a Deus

Onde humano e o divino sempre estão caminhando lado a lado. Quando Deus chama, a resposta deve ser generosa, mas isso implica em uma mudança completa.

Abraão ouviu Deus dizer-lhe: “Sai de tua terra.” O patriarca “partiu, como o Senhor lhe havia dito.” Obedeceu, não colocou condições nem exigiu sinais.
Moisés ao ouvir: “E agora, vai! Eu te envio ao faraó para que faças sair o meu povo, os israelitas, do Egito”, sentiu-se incapaz e argumentou: “Quem sou eu para ir ao faraó e fazer sair os israelitas do Egito?” Deus não aceitou o argumento e envia um sinal. “Joga a vara no chão’, disse o Senhor. Ele jogou-a no chão, e a vara se tornou uma serpente.” Em seguida o ajuda a ter força, afirmando: “Vai, pois, Eu estarei contigo quando falares, e ensinar-te-ei o que terás de dizer.”

Vocação vem sempre do ALTO, não dependendo de qualidade de quem a recebe. Vocação é chamado que exige uma resposta que deve estar baseada na Fé e na Consciência; é um Doar-se.

Jesus chama Pedro e André, seus primeiros discípulos: “Vinde após Mim e vos farei pescadores de homens.” Depois chama Tiago e João e quando encontra Filipe diz: “Segue-Me.” O Mestre usou a vocação para reunir os DOZE.

Jesus é Aquele que faz a proposta radical, fazendo com que todo o resto perca a importância: “Se alguém Me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.”

São João usa uma frase forte, mostrando-nos que a iniciativa vem de Deus como ELE quer. Chama ao serviço que conduz à oração, que, juntos, formam a espiritualidade vocacional: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu quem vos escolhi!”

Deus chama e capacita. O mundo necessita de verdade e justiça. É preciso trabalhar por um mundo que retrate a beleza divina para que a VOCAÇÃO seja revelada na resposta de cada um a DEUS.

Papa Francisco dá o recado, quando fala de vocação: “a pressa e a velocidade dos estímulos não deixam espaço para o silêncio interior, no qual ressoa o chamado do Senhor… Aquele que se permite discernir a vocação conhece o rosto misericordioso do Pai.”

No Coração de Jesus está o Coração de Maria

O Pai sempre teve como objetivo alcançar o coração de todos nós, para que sentíssemos que Deus nos protege. Jesus estava pregado na cruz quando o centurião, para certificar-se de que ELE estava morto, fincou uma lança no seu lado direito, atingindo seu coração, donde jorrou sangue e água; tornando-se o SINAL mais profundo da Graça do Pai. O Sagrado Sangue do Salvador jorrou para purificar-nos e este coração não mais fechou. Coração que, por uma pequena abertura, espalha MISERICÓRDIA para a Humanidade.

No momento extremo de sua vida, Jesus nos entregou à sua Mãe e, assim sendo, Maria nos leva a Cristo e Cristo nos leva a Maria. A Mãe sempre nos envia até Jesus. Nas Bodas de Caná ela nos diz: “Fazei tudo o que Ele vos disser.” Quanto mais nos aproximamos do coração de Maria, mais sentimos o quanto é suave caminhar para o Coração de Jesus, através dessa chama que arde e não se apaga. O Coração de Jesus é um coração compassivo, capaz de dar a vida por suas ovelhas. O coração de Maria é o coração da Mãe que vivenciou a compaixão do Pai: aquela que experimentou a Paixão e Morte de Jesus. Maria experimentou a mansidão, a humildade e a misericórdia. Todo o sofrimento vivido por M.a aos pés da cruz, já havia sido profetizado por Simeão no templo, quando dissera que o coração de Maria seria transpassado pela espada.

O Pai idealizou essa união, que culminou na Aliança dos dois corações: um SAGRADO e outro, IMACULADO.

O Papa Francisco em uma de suas homilias nos diz: “A misericórdia de Jesus não é apenas um sentimento, é uma força que dá vida, que ressuscita o homem!”

“São João Eudes mostrou, por argumentos teológicos, que o Coração de Jesus e o de Maria na, têm diferenças entre si, mas constituem, pela união existente entre ambos, um só e mesmo Coração. Jamais tivemos, no entanto, a intenção de separar duas coisas que Deus uniu estreitamente, como são o Coração augustíssimo do Filho de Deus e o de sua Bem-Aventurada Mãe: pelo contrário, nosso propósito foi sempre, desde os primórdios de nossa congregação, de contemplar e honrar estes dois amáveis Corações como um mesmo Coração, em unidade de espírito, de sentimento e de afeição. , como está manifestamente expresso na saudação que fazemos todas os dias ao Divino Coração de Jesus e Maria, bem como na oração e em várias partes do Ofício e da Missa que celebramos na festa do Sagrado Coração de Maria Virgem”.

Maria: da Aparição à Oração e à Contemplação

O Concílio do Vaticano II afirma que “Maria, pela sua participação íntima na história da Salvação, reúne por assim dizer e reflete em si as mais altas verdades de fé” (LG 65). E São João Paulo explicita: “Ela é como um espelho em que se refletem, da maneira mais profunda e luminosa, as maravilhas de Deus”.

Maria não é o centro do Cristianismo, mas; nos sinaliza que através da reflexão, meditamos a vida do Salvador e, assim sendo, somos levados à Redenção, ao Perdão e à Salvação; quando rezamos e contemplamos os Mistérios enunciados no Rosário.

Cristo é o único Salvador, em Maria encontramos o caminho e a missão para estarmos ao lado D’ELE, para Servir à Igreja e à humanidade. Maria, Mãe unida a Cristo por um elo indissolúvel sinal Misericordioso de Graças e bênçãos.
Em Maria, a contemplação do Amor e da Misericórdia de Deus por nós, reúne a beleza da maternidade e da discípularidade perfeita.

Nas aparições Marianas, mentes e emoções, abrem corações, em busca do segredo que se torna visível, diante de nossos olhos. Todo acontecimento é Deus em seu Amor Trino e infinito. Tudo vem d’ELE. Nas aparições há encantamento e sedução, onde brotam a fé, a esperança e a caridade.

Em Fátima os Pastorinhos assim se expressaram: “Gostei muito de ver o Anjo, mas gostei ainda mais de Nossa Senhora. Do que gostei mais foi de ver Nosso Senhor naquela luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto de Deus!” Como nos disse o pequeno Francisco, no seu espírito contemplativo… enquanto Lúcia exclamava: “É esta graça de Deus que atua em nós, levando-nos onde Deus nos quer conduzir, e vamos contentes, como crianças abandonadas nos braços do Pai”.

Há um apelo constante na mensagem das aparições em Fátima: REZAR PELA PAZ DO MUNDO, BUSCANDO A CONVERSÃO… hoje a mensagem continua como uma súplica, para que reconheçamos a necessidade da humanidade de buscar a paz que vem de Deus. “Foi a dor dos filhos que fez gritar o coração da Mãe”, advertiu S. João Paulo II, em Fátima. Rezar pela paz é contemplar a história da humanidade, é buscar a Salvação e alegrar-se em Cristo, fazendo nova todas as coisas.

O Encontro

Ao levantar-se na primeira queda, Jesus encontra sua Mãe no caminho que o levava para a morte. Maria O fita com imensurável amor. Os olhos de um param nos olhos do outro. Cada um verte a sua dor, na dor do outro. A alma da Mãe mergulha na amargura do Filho. Ali, cumpria-se a profecia de Simeão de que uma espada transpassaria aquela alma. Ninguém reparou, somente o Filho prestou atenção. Na solidão da Paixão, a Mãe oferece ao Filho a essência da ternura e da fidelidade ao SIM dado ao Pai. Ali, no silêncio, a Mãe consola o Filho.

Penetrar no olhar dessa Mãe e desse Filho no caminho do Calvário é adentrar no cerne da dor maior. Não há dor semelhante. Ao olhar para sua Mãe, o Filho nada fala, mas a faz compreender a dor de sua alma e que se fazia necessário que ela se unisse também a essa grande dor. Ali, Maria nos ensinou a aceitar a vontade do PAI. O encontro nos alerta para calarmos nos sofrimentos, pois o silêncio se converte em força. A dor humilha e Deus edifica, apontando que a dor se faz necessária para que nos santifiquemos.

Quem se mantém ao lado dos que sofrem, conhece a angústia, mas também  o milagre da alegria que é o fruto do amor e do sofrimento aceito e ofertado.

Somente vivendo esse encontro doloroso, poderemos provar a doçura da CRUZ e abraçá-la na força do AMOR.

Diante da violência, guerras, agressões ao meio ambiente, corrupção e  tantas angústias, em consonância com a Quaresma, busquemos amparo na Virgem dolorosa, onde a fé e a confiança retratam a submissão à vontade de Deus.

É no Calvário que se mergulha no grande mistério da Paixão, onde Maria contempla o Filho levando a cruz, em busca de justiça, dignidade e pão.

Segundo o Papa Francisco, “O Caminho da cruz é o único que vence o pecado, o mal e a morte, porque desemboca na luz radiante da Ressurreição de Cristo, abrindo os horizontes da vida nova e plena. É o Caminho da esperança e do futuro. Quem o percorre com generosidade e fé, dá esperança e futuro à humanidade.”

A Superação da Dor por Amor à Humanidade

Às vezes somos capazes de achar que entendemos uma Quaresma, uma Via-Sacra, uma Semana Santa.

Será que imprimimos o caráter de Cristo em nossas almas? Será que somos capazes de negarmo-nos a sofrer como o CRISTO sofreu? Carregamos nossa cruz e a dos outros?

A Vida Eterna não é estarmos com os olhos voltados apenas para o que vemos, mas para o que não vemos: o grande Mistério de Amor.

O Amor que faz parte da natureza Divina, que se manifesta na glória que vem ao nosso encontro para praticarmos o bem. O Senhor se submete ao sofrimento de uma cruz.

Será que após tantas Quaresmas e tantas Vias – Crucis, não entendemos esse ato de Humildade e de Amor?

Em Cristo, poderemos vencer os sofrimentos. ELE venceu quando aceita os açoites e não desiste de caminhar até a Crucificação, alertando-nos que sofreríamos; mas que ELE estaria conosco até os últimos dias.

Deus não é insensível às nossas dores.

Faz-se necessário que aceitemos que o sofrimento nos aperfeiçoa, e nos faz buscarmos a felicidade nas Bem-Aventuranças, vivida e testemunhada pelo Cristo. Essa busca é o grande desafio de nossa Caminhada.

Na Humildade de um Deus, que se fez homem e habitou entre nós, aprendamos que aquele que está pronto para servir, é que temente a Deus, este é o homem humilde que o Senhor da messe espera em cada Eucaristia, que se dá a nós.

Este é o homem novo, transformado e que faz a vontade de Deus com prazer, buscando a felicidade, superando a dor na alegria de quem serve.

É preciso buscar o rio de Água Viva que Cristo nos dá para não termos mais sede e nos aproximarmos mais de Deus.

O Papa Francisco nos exorta a pensarmos em mudar o mundo começando por nós, quando nos diz: “Como seria belo se cada um de vós pudesse, ao fim do dia, dizer: hoje realizei um gesto de amor pelos outros. ”

Esse é o grande desafio da Ressurreição: Servir com alegria, mesmo na dor, na certeza de que, em Deus, tudo se supera e se concretiza em nós a vitória do grande ALELUIA.

FELIZ PÁSCOA!!!