Na liberdade do Chamado, Deus escolhe os Pobres

Deus nos chama pelo nome e revela-se. O grande mistério derrama-se no coração de quem ouve o chamado e o diálogo mais profundo se instaura numa relação profunda, onde fé e mistério se entrelaçam, unindo a natureza humana ao OUTRO que lhe doa o ser e que o chama para SI.

O ser humano sente a necessidade de viver essa relação com DEUS, mas só entenderá a razão de sua existência, quando encontrar a essência do amor que se manifesta numa relação plena e profunda da doação.

É na vocação que esse diálogo divino e humano passa a ser o fundamento da nossa liberdade. Liberdade de responder e sentir a plenitude de escolher ÀQUELE que nos escolheu desde a eternidade, pois desde sempre o homem é um ser VOCACIONADO.

Somos peregrinos. Somos inquietos. Deus nos espera. O Papa Bento XVI nos lembra: “Mas não somos somente nós, seres humanos, que vivemos inquietos relativamente a Deus. Também o coração de Deus vive inquieto relativamente ao homem. Deus espera-nos. Anda à nossa procura. Também Ele não descansa enquanto não nos tiver encontrado. O coração de Deus vive inquieto, e foi por isso que se pôs a caminho até junto de nós – até Belém, até ao Calvário, de Jerusalém até a Galileia e aos confins do mundo. Deus vive inquieto conosco, anda a procura de pessoas que se deixem contagiar por esta sua inquietação, pela sua paixão por nós; pessoas que vivem a busca que habita no seu coração e, ao mesmo tempo, se deixam tocar no coração pela busca de Deus a nosso respeito”.
Deus desperta em cada um o CHAMADO VOCACIONAL e espera a resposta na liberdade: “Onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2 Cor 3,17).

O Cântico de Maria é a grande revelação de que só em Deus encontraremos a certeza da alegria de servir e o verdadeiro sentido de VOCAÇÃO.

Vocação é um serviço de resposta a Deus

Onde humano e o divino sempre estão caminhando lado a lado. Quando Deus chama, a resposta deve ser generosa, mas isso implica em uma mudança completa.

Abraão ouviu Deus dizer-lhe: “Sai de tua terra.” O patriarca “partiu, como o Senhor lhe havia dito.” Obedeceu, não colocou condições nem exigiu sinais.
Moisés ao ouvir: “E agora, vai! Eu te envio ao faraó para que faças sair o meu povo, os israelitas, do Egito”, sentiu-se incapaz e argumentou: “Quem sou eu para ir ao faraó e fazer sair os israelitas do Egito?” Deus não aceitou o argumento e envia um sinal. “Joga a vara no chão’, disse o Senhor. Ele jogou-a no chão, e a vara se tornou uma serpente.” Em seguida o ajuda a ter força, afirmando: “Vai, pois, Eu estarei contigo quando falares, e ensinar-te-ei o que terás de dizer.”

Vocação vem sempre do ALTO, não dependendo de qualidade de quem a recebe. Vocação é chamado que exige uma resposta que deve estar baseada na Fé e na Consciência; é um Doar-se.

Jesus chama Pedro e André, seus primeiros discípulos: “Vinde após Mim e vos farei pescadores de homens.” Depois chama Tiago e João e quando encontra Filipe diz: “Segue-Me.” O Mestre usou a vocação para reunir os DOZE.

Jesus é Aquele que faz a proposta radical, fazendo com que todo o resto perca a importância: “Se alguém Me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.”

São João usa uma frase forte, mostrando-nos que a iniciativa vem de Deus como ELE quer. Chama ao serviço que conduz à oração, que, juntos, formam a espiritualidade vocacional: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu quem vos escolhi!”

Deus chama e capacita. O mundo necessita de verdade e justiça. É preciso trabalhar por um mundo que retrate a beleza divina para que a VOCAÇÃO seja revelada na resposta de cada um a DEUS.

Papa Francisco dá o recado, quando fala de vocação: “a pressa e a velocidade dos estímulos não deixam espaço para o silêncio interior, no qual ressoa o chamado do Senhor… Aquele que se permite discernir a vocação conhece o rosto misericordioso do Pai.”