O Reconhecimento do Leigo pela Igreja

Foi com muita luz que o Concílio Vaticano II abordou o papel do leigo na Igreja. Hoje, um trabalho de Evangelização é feito por homens leigos e mulheres leigas, onde estão inseridos crianças, jovens e adultos. O mundo é o campo de trabalho dos leigos. Jesus estabeleceu a estrutura hierárquica da Igreja, que não se comporta, usando paradigmas sociais. A Igreja nasceu de Deus para salvar, pois esta é a vontade do ALTO.

A partir do CV II, a Igreja colocou esperança em cada leigo, que deve abraçar essa condição e propagar a fé, defendendo as diretrizes que a regem e buscando a santidade, para assim participar dos mistérios de Cristo.

O Papa Pio XII nos exorta: “Os fiéis leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja: por eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade. Por isso, eles, sobretudo, devem ter uma consciência cada vez mais clara, não somente de que pertencem à Igreja, mas de que são Igreja, isto é, comunidade de fiéis na terra sob a direção do chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são Igreja.”

A CNBB instituiu o ano de 2018, como o ANO do LAICATO, que será o ano de buscar e pensar o papel do leigo dentro da Igreja, num chamado para participar da vida Eclesial. O estudo nº 107 da CNBB, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade”; mostra-nos que o verdadeiro chamado é ter uma vida cristã em sua totalidade.

O Leigo tem como vocação: procurar o Reino de Deus. Agir no mundo e no trabalho, fazendo a vontade do Alto. Cristo os chama a ser “sal da terra e luz do mundo”. Deus quer um punhado de homens que sejam seus em cada movimento humano.

Segundo o Papa Francisco, “O Concílio não olha os leigos como se fossem membros de segunda categoria, a serviço da hierarquia e simples executores de ordens provenientes do alto, mas como discípulos de Cristo que, através do Batismo e sua inserção no mundo, são chamados a animar todo ambiente, atividade e relação humana segundo o espírito do Evangelho (…) Ninguém melhor que os Leigos pode desempenhar as tarefas essenciais de inscrever a Lei Divina na Vida da Cidade terrena.”

Obedecer às diretrizes do Papa, a quem Cristo confiou a Sua Igreja; é ser, sentir-se e viver a Igreja.

“Derrubou do Trono os Poderosos e Exaltou os Humildes” – Maria, Mãe missionária

Olhar para Maria, é olhar para o mistério divino. Um SIM que a tornou Mãe do Salvador e, ao mesmo tempo, envolta num sim dolorido ao pé da cruz. Maria, a Missionária, onde tudo se realiza e o amor de Deus se gesta. Em Atos dos Apóstolos, encontramos uma Maria que persevera, em comunhão com os Apóstolos e Discípulos do Senhor, na espera do Espírito Prometido. Ali, Maria imprime o selo Mariano que identifica que ela cooperou com o nascimento da Igreja Missionária. Maria ensina o Caminho que os Batizados devem trilhar e viver sua Missionariedade. Maria nos revela o que é ter FÉ e que ser feliz é conservar no coração tudo que viu e ouviu. Em silêncio peregrinou e com fé seguiu seu Filho, deixando-se cativar pelo mistério que o amor de Deus a envolvia. Maria não foi indiferente a presença do amor divino em sua vida.

A Serva do Senhor consagrou-se e tornou-se o modelo perfeito para os missionários, pois foi aonde Cristo queria que o amor de Deus alcançasse. Primeira Missionária, pois carregou Cristo no ventre e O tronou conhecido no mundo. Maria acolheu com fé o chamado que se tornou profecia e anúncio, no mais lindo Canto de Amor. A Mulher de Pentecostes que estava presente no início da missão; onde nascia a Igreja Missionária. Maria das Missões, pois viveu a peregrinação da fé, na condição de mãe do Filho de Deus. Ao pé da cruz tornou-se Mãe dos Discípulos e de Todos Nós.

O Papa Bento XVI assim pediu: “Permaneçam na escola de Maria, inspirem-se em seus ensinamentos. A Virgem Pura e sem mancha, é para nós escola de fé, destinada a nos conduzir no caminho que conduz ao encontro com o Criador do céu e da terra

Na liberdade do Chamado, Deus escolhe os Pobres

Deus nos chama pelo nome e revela-se. O grande mistério derrama-se no coração de quem ouve o chamado e o diálogo mais profundo se instaura numa relação profunda, onde fé e mistério se entrelaçam, unindo a natureza humana ao OUTRO que lhe doa o ser e que o chama para SI.

O ser humano sente a necessidade de viver essa relação com DEUS, mas só entenderá a razão de sua existência, quando encontrar a essência do amor que se manifesta numa relação plena e profunda da doação.

É na vocação que esse diálogo divino e humano passa a ser o fundamento da nossa liberdade. Liberdade de responder e sentir a plenitude de escolher ÀQUELE que nos escolheu desde a eternidade, pois desde sempre o homem é um ser VOCACIONADO.

Somos peregrinos. Somos inquietos. Deus nos espera. O Papa Bento XVI nos lembra: “Mas não somos somente nós, seres humanos, que vivemos inquietos relativamente a Deus. Também o coração de Deus vive inquieto relativamente ao homem. Deus espera-nos. Anda à nossa procura. Também Ele não descansa enquanto não nos tiver encontrado. O coração de Deus vive inquieto, e foi por isso que se pôs a caminho até junto de nós – até Belém, até ao Calvário, de Jerusalém até a Galileia e aos confins do mundo. Deus vive inquieto conosco, anda a procura de pessoas que se deixem contagiar por esta sua inquietação, pela sua paixão por nós; pessoas que vivem a busca que habita no seu coração e, ao mesmo tempo, se deixam tocar no coração pela busca de Deus a nosso respeito”.
Deus desperta em cada um o CHAMADO VOCACIONAL e espera a resposta na liberdade: “Onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2 Cor 3,17).

O Cântico de Maria é a grande revelação de que só em Deus encontraremos a certeza da alegria de servir e o verdadeiro sentido de VOCAÇÃO.

Vocação é um serviço de resposta a Deus

Onde humano e o divino sempre estão caminhando lado a lado. Quando Deus chama, a resposta deve ser generosa, mas isso implica em uma mudança completa.

Abraão ouviu Deus dizer-lhe: “Sai de tua terra.” O patriarca “partiu, como o Senhor lhe havia dito.” Obedeceu, não colocou condições nem exigiu sinais.
Moisés ao ouvir: “E agora, vai! Eu te envio ao faraó para que faças sair o meu povo, os israelitas, do Egito”, sentiu-se incapaz e argumentou: “Quem sou eu para ir ao faraó e fazer sair os israelitas do Egito?” Deus não aceitou o argumento e envia um sinal. “Joga a vara no chão’, disse o Senhor. Ele jogou-a no chão, e a vara se tornou uma serpente.” Em seguida o ajuda a ter força, afirmando: “Vai, pois, Eu estarei contigo quando falares, e ensinar-te-ei o que terás de dizer.”

Vocação vem sempre do ALTO, não dependendo de qualidade de quem a recebe. Vocação é chamado que exige uma resposta que deve estar baseada na Fé e na Consciência; é um Doar-se.

Jesus chama Pedro e André, seus primeiros discípulos: “Vinde após Mim e vos farei pescadores de homens.” Depois chama Tiago e João e quando encontra Filipe diz: “Segue-Me.” O Mestre usou a vocação para reunir os DOZE.

Jesus é Aquele que faz a proposta radical, fazendo com que todo o resto perca a importância: “Se alguém Me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.”

São João usa uma frase forte, mostrando-nos que a iniciativa vem de Deus como ELE quer. Chama ao serviço que conduz à oração, que, juntos, formam a espiritualidade vocacional: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu quem vos escolhi!”

Deus chama e capacita. O mundo necessita de verdade e justiça. É preciso trabalhar por um mundo que retrate a beleza divina para que a VOCAÇÃO seja revelada na resposta de cada um a DEUS.

Papa Francisco dá o recado, quando fala de vocação: “a pressa e a velocidade dos estímulos não deixam espaço para o silêncio interior, no qual ressoa o chamado do Senhor… Aquele que se permite discernir a vocação conhece o rosto misericordioso do Pai.”

O Encontro

Ao levantar-se na primeira queda, Jesus encontra sua Mãe no caminho que o levava para a morte. Maria O fita com imensurável amor. Os olhos de um param nos olhos do outro. Cada um verte a sua dor, na dor do outro. A alma da Mãe mergulha na amargura do Filho. Ali, cumpria-se a profecia de Simeão de que uma espada transpassaria aquela alma. Ninguém reparou, somente o Filho prestou atenção. Na solidão da Paixão, a Mãe oferece ao Filho a essência da ternura e da fidelidade ao SIM dado ao Pai. Ali, no silêncio, a Mãe consola o Filho.

Penetrar no olhar dessa Mãe e desse Filho no caminho do Calvário é adentrar no cerne da dor maior. Não há dor semelhante. Ao olhar para sua Mãe, o Filho nada fala, mas a faz compreender a dor de sua alma e que se fazia necessário que ela se unisse também a essa grande dor. Ali, Maria nos ensinou a aceitar a vontade do PAI. O encontro nos alerta para calarmos nos sofrimentos, pois o silêncio se converte em força. A dor humilha e Deus edifica, apontando que a dor se faz necessária para que nos santifiquemos.

Quem se mantém ao lado dos que sofrem, conhece a angústia, mas também  o milagre da alegria que é o fruto do amor e do sofrimento aceito e ofertado.

Somente vivendo esse encontro doloroso, poderemos provar a doçura da CRUZ e abraçá-la na força do AMOR.

Diante da violência, guerras, agressões ao meio ambiente, corrupção e  tantas angústias, em consonância com a Quaresma, busquemos amparo na Virgem dolorosa, onde a fé e a confiança retratam a submissão à vontade de Deus.

É no Calvário que se mergulha no grande mistério da Paixão, onde Maria contempla o Filho levando a cruz, em busca de justiça, dignidade e pão.

Segundo o Papa Francisco, “O Caminho da cruz é o único que vence o pecado, o mal e a morte, porque desemboca na luz radiante da Ressurreição de Cristo, abrindo os horizontes da vida nova e plena. É o Caminho da esperança e do futuro. Quem o percorre com generosidade e fé, dá esperança e futuro à humanidade.”